domingo, 24 de julho de 2011

Matéria Publicada na Globo: “Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça”

Para 63,7% dos brasileiros, cor ou raça influencia na vida, aponta IBGE

Pesquisa ouviu 15 mil famílias em cinco estados, mais DF, em 2008.
Para 71% dos entrevistados, cor ou raça tem influência no trabalho.

Do G1, em São Paulo
 
Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgado nesta sexta-feira (22), aponta que 63,7% dos brasileiros entrevistados acredita que a cor ou raça influencia na vida. O estudo “Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça” coletou informações em 2008, em uma amostra de cerca de 15 mil residências realizada em cinco estados e no Distrito Federal.

Entre as unidades pesquisadas, o maior percentual de pessoas que acredita que a raça ou a cor influencia na vida foi registrado no Distrito Federal (77%) e o menor no Amazonas (54,8%).

As mulheres apresentam percentual maior do que os homens: 66,8% delas disseram que a cor ou raça influenciava, contra 60,2% deles. Quando se analisa o quadro por idades, os maiores percentuais de resposta afirmativa ficam com os jovens com idades dentre 25 e 39 anos (67,8%), seguidas por pessoas na faixa etária de 15 a 24 anos (67,2%).

Os dois grupos se alternam na liderança desse quesito em todos os estados, mas no Distrito Federal há destaque para o grupo com idades entre 40 a 59 anos, onde corresponde a 79,5%

Cor ou raça influencia na vida?
EstadoSimNãoNão sabe
Amazonas54,8%38,6%2,8%
Paraíba63%30,7%6,3%
São Paulo65,4%32,2%2,5%
Rio Grande do Sul57,9%39,7%2,4%
Mato Grosso59,6%36,8%3,5%
Distrito Federal77%22,7%0,4%
Total63,7%33,5%2,8%
Fonte: IBGE
Influência no trabalho
Entre as situações nas quais a cor ou raça tem maior influência, o trabalho aparece em primeiro lugar pelas pessoas entrevistadas, com 71% das respostas, aponta o IBGE.

Logo em seguida, os brasileiros apontaram que a cor e raça interferem "na relação com justiça ou a polícia", citada por 68,3% dos entrevistados. Para 65%, estes fatores também interferem no convívio social e para 59,3%, cor e raça são fatores que atuam na maneira das pessoas agirem nas escolas.

Dos entrevistados, 96% afirmam saber a própria cor ou raça. As cinco categorias de classificação do IBGE (branca, preta, parda, amarela e indígena), além dos termos “morena” e “negra”, foram utilizadas pelos entrevistados.

A maioria dos brasileiros respondeu ao IBGE que o fator preponderante para identificar sua cor ou raça é “a cor da pele” – foi o argumento de 74% dos entrevistados. Mas 62% deles disseram que a origem familiar também é analisa e para 54%, traços físicos também atuam na formação da raça.

Estudo inédito

“A importância muito grande deste estudo é que ele é inédito. O IBGE jamais tinha indagado este aspecto sobre a influência na vida das pessoas. Normalmente fizemos pesquisas concretas, sobre renda, saneamento. Agora, fizemos a pessoa refletir sobre um sentimento”, diz ao G1 Ana Sabóia, chefe da Divisão de Indicadores do IBGE e coordenadora-geral da pesquisa.

O Distrito Federal se destacou no levantamento com os maiores percentuais de percepção da influência da cor ou raça em quase todas as situações citadas. Para os moradores de lá, cor e raça atuam no trabalho (86,2%), na relação com justiça/polícia (74,1%), no convívio social (78,1%), na escola (71,4%) e também nas repartições públicas (68,3%). Apenas em “casamento”, a Paraíba ficou com 49,5% contra 48,1% do DF.

Ana atribuiu este resultado ao “maior nível de escolaridade da população do Distrito Federal, quando as pessoas têm maior facilidade em responder a este nível de pergunta”.

Própria cor
Entre os destaques é o dado de que 96% dos brasileiros entrevistados afirmam que saberiam fazer sua autoclassificação no que diz respeito a sua cor ou raça. Para Ana, isso mostra que “as pessoas sabem dizer a sua cor, não tem mais este mito”.

Segundo a pesquisadora, os dados não podem dizer se o brasileiro acredita que há preconceito pela cor ou raça. “Não se pode afirmar isso. A pergunta foi direta, se a cor ou a raça influencia na vida. A gente não perguntou se isso era positivamente ou negativamente”, afirma.

MOVIMENTOS SOCIAIS – Alguns apontamentos

Para GOHN (1995, p. 44), movimentos sociais:
“são ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam-se a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações de: conflitos, litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir de interesses em comum. Esta identidade decorre da força do princípio da solidariedade e é construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo.”
Apesar de não haver uma definição única e universalizante de movimentos sociais (GOHN, 1997; 1982b), entende-se que representam o conjunto de ações coletivas dirigidas tanto à reivindicação de melhores condições de trabalho e vida, de caráter contestatório, quanto inspirado pela construção de uma nova sociabilidade humana, o que significa, em última análise, a transformação das condições econômicas, sociais e políticas fundantes da sociedade atual. Segundo Gohn, Quanto mais os sujeitos sociais e os movimentos construírem for­mas de ação, em rede, que possam influenciar a proposição de políticas públicas, mais estas políticas considerarão os direitos de cidadãos/ cidadãs e mais serão democráticas e solidárias.
A presença dos movimentos sociais é uma constante na história política do país, mas, segundo GHON (I995) ela é cheia de ciclos, com fluxos ascendentes e refluxos (alguns estratégicos, de resistência ou rearticulação em face a nova conjuntura e as novas forças sociopolíticas em ação). No entanto, o importante a destacar é esse campo de força sócio-político e o reconhecimento de que suas ações impulsionam mudanças sociais diversas.
O repertório de lutas que eles constróem, demarcam interesses, identidades, subjetividades e projetos de grupos sociais. Outra questão que merece atenção nessa discussão é a idéia de que o que motiva o surgimento dos movimentos sociais são as relações antagônicas entre as classes, cuja base é estabelecida pela relação capital-trabalho. Para alguns, que não entendem desta forma, os movimentos feminista e negro extrapolam os limites de classe e lutam contra uma postura que inclui valores que foram pré-estabelecidos, em que o homem e a mulher são vistos com diferenças e, brancos e negros, da mesma forma.
A partir de 1990, os movimentos sociais deram origem a outras formas de organizações populares, mais institucionalizadas, como os fóruns nacionais de luta pela moradia popular. No caso da habitação e reforma urbana, por exemplo, o próprio Estatuto da Cidade, é resultado dessas lutas. O Fórum da Participação Popular e tantos outros fóruns e experiências organizativas locais, regionais, nacionais e até transnacionais, estabeleceram práticas, fizeram diagnósticos e criaram agendas, para si próprios, para a sociedade e para o poder público. O Orçamento Participativo, e vários programas, surgiram como fruto desta trajetória.
Os movimentos sociais também são considerados como agentes que expressam, em cada momento, as formas históricas de opressão, de miséria, de injustiça, etc, mas expressam também muito mais do que isto, pois expressam o dever, através de sua crítica, de suas formas de contestação, de suas lutas na busca de novas alternativas, para o comando de uma nova historia.
O movimento feminista e negro, por exemplo, é contemplado pelo conceito definido acima, apesar de que entre os dois movimentos existam diversas diferenças. A história do movimento feminista, pode ser compreendida a partir de três grandes ondas. A primeira se situa no final do século XIX, denominado de movimento sufragista (luta por direito ao voto feminino) e por direitos democráticos (direito ao divórcio, educação completa, trabalho, etc.). A segunda, no final dos anos 60, a luta por liberação sexual, e a terceira, no final dos anos 70, uma luta de caráter sindical, protagonizada pela mulher trabalhadora, na América Latina. A maior de todas essas lutas, que tomou uma dimensão internacional, foi pelo direito ao voto. O Brasil foi o quarto país do hemisfério ocidental a promulgar, em 1932, esse direito que, em 1937, foi cerceado com a chegada da ditadura do Estado Novo.
No Brasil, na década de 70, em plena ditadura o movimento feminista se direcionou por caminhos diferenciados do caminho tomado pelo movimento internacional. Isto ocorreu porque uma grande ala do movimento no Brasil se atrelou a setores progressistas da Igreja Católica. Temas como o racismo, a ênfase nas diferenças de classe foram trazidos para o centro da cena feminina através dos estudos sobre mulher nas sociedades periféricas.
A luta das mulheres negras contra o racismo e suas manifestações através do preconceito e da discriminação racial e contra as contradições presentes na relação entre os gêneros tem feito progressos notáveis no campo dos direitos sociais e humanos. No entanto, existe uma crítica a esta questão, quando o movimento feminista não acolhe as questões postas pelas mulheres negras, motivando-as para uma ação política organizativa específica em decorrência da insuficiência com que são tratadas as suas especificidades dentro do movimento feminista. As mulheres têm esta mesma postura com o movimento negro, posto que em uma estão os desdobramentos de gênero e no outro não são enfatizadas as questões raciais.
Desta forma, o combate ao racismo empreendido pelos negros e mulheres negras abrange também a busca por uma real inserção social nos movimentos existentes, passa a questionar as desigualdades existentes entre brancos e negros, se posiciona contrário ao discurso machista, bem como, ao discurso de caráter universalista de cidadania, que deveria contemplá-los, mas que não passava de um mito.
Essas ações contêm a possibilidade de que seus participantes tomem consciência da realidade em que vivem, dos alcances e limites de suas próprias forças e, a partir desses movimentos, possam adquirir experiências, propondo novos modelos de organização e luta. 
É no dia a dia que nos deparamos com um mundo repleto de complexidades, que se forjam as lutas para a conquista dos direitos sociais dos negros, das mulheres negras e de todos que de alguma forma foram banidos das oportunidades. E o processo dessa luta vem se desenvolvendo a partir das desigualdades que têm como origem as relações sociais. São através dos Movimentos sociais que conquistamos os maiores ganhos em beneficio da sociedade, e só com a elaboração de Movimentos Organizados que construiremos um mundo mais justo e igualitário. E recordando Gohn (1995), quanto mais os sujeitos sociais e os movimentos construírem for­mas de ação, em rede, que possam influenciar a proposição de políticas públicas, mais estas políticas considerarão os direitos de cidadãos/ cidadãs e mais serão democráticas e solidárias.
REFERÊNCIAS:
GOHN, M.G. Teorias dos Movimentos Sociais: Paradigmas Clássicos e Contemporâneos. São Paulo: Loyola, 1997.
___________Movimentos e lutas sociais na história do Brasil. São Paulo: Loyola, 1995ª


CONCEITOS E DISCUSSÕES DO MÒDULO I

Apresentamos abaixo, uma síntese dos principais conceitos trabalhados no Módulo I do Curso: Políticas públicas e Promoção da Igualdade, a partir das leituras e fichamentos realizados, fazendo uma tentativa de articular os conceitos trabalhados com as questões vivenciadas pelo grupo.
Política Pública pode ser definida como “tudo aquilo que o governo (municipal, estadual ou federal) faz no que diz respeito às leis, medidas reguladoras, decisões e ações”, ou seja, é o Estado em ação, com vistas ao bem coletivo. No entanto, essas ações do Estado podem ser desenvolvidas em parcerias com organizações não governamentais e, como se verifica mais recentemente, sobretudo com o advento das idéias neoliberais, com a iniciativa privada.
Para entendermos melhor o conceito de Política Pública, é importante entender os conceitos de Políticas de governo e Políticas de Estado. Sendo que as Políticas de governo são aquelas que o Executivo decide num processo bem mais elementar de formulação. Um exemplo de Políticas de Governo que vem acontecendo no município de Conceição da Barra, onde resido e trabalho, é a Política Municipal de Educação Especial. Sabemos que existem ações que beneficiam aos alunos com deficiência, por exemplo, o professor de apoio na sala de aula para os alunos com maiores comprometimentos (físicos/ intelectual/sensorial) atendendo a uma demanda da Política Nacional da Educação Especial, mas no âmbito municipal, essas “ações” ainda não foram implementadas como Política de Estado continuam ainda como Política de Governo. O que significa que a próxima Gestão Municipal poderá dar continuidade a tais ações, modificá-las ou ainda, substituí-las.
E como isso acontece na prática? É preciso entender o ciclo das políticas públicas, ou seja, todo o processo que vai da definição de agenda, elaboração da políti­ca pública, sua efetiva implantação e avaliação, sendo um ciclo “1)Definição da agenda; 2) Formulação de políticas, com identificação de alternativas, avaliação das opções e seleção das opções; 3) Implementação da política pública; 4) Avaliação.”

A “Avaliação” é destacada no texto, como o instrumento que poderá responder com mais precisão “que diferença fez” a implementação de determinada política. Os relatórios das avaliações podem servir tanto para divulgação, quanto para fomento do debate público em torno das alternativas de intervenção governamental em uma dada realidade social.
Ao analisar as teorias de reconhecimento, o a autora do módulo aborda as idéias de Axel Honneth (2003; 2007), Charles Taylor solidariedade e dignidade, Nancy Fraser: reconhecimento de status; Manuel Castells: identidade de resistência, identidade de projetos e os movimentos sociais;
Segundo a autora, Honneth apresenta três etapas de reconhecimento, de modo que a cada negação ou desrespeito a um indivíduo ou coletivo, corresponde uma demanda por reconhecimento que resultará, por fim, no desenvolvimento de uma fase da consciência moral de cada indivíduo e da sociedade como um todo.
Não havendo reconhecimento, os conflitos sociais eclodiriam como um grande sentimento de injustiça e pela percepção de que o pacto social formulado em torno da liberdade, da propriedade e da dignidade igual para todos/as não teria sido cumprido em sua totalidade. A busca por reconhecimento evidenciaria que o pacto e as normas jurídicas e institucionais que inicialmente o assegurariam foram somente o ponto de partida e a chegada não teria se efetivado.
Essas idéias nos remete ao tratado de Jhon Locke quando trata da questão da verdadeira origem do poder político,  ele fala do contrato social enfatizando a bondade e racionalidade naturais do homem. Locke acreditava que a liberdade que o povo podia ter não era absoluta e que o povo cedia parte dessa liberdade a fim de manter a segurança. O Governo, diz Locke, é uma delegação; seu propósito é a segurança da pessoa e da propriedade dos cidadãos, e os indivíduos têm o direito de retirar sua confiança no governante quando este falha na sua tarefa. Por conseguinte, o grande e principal fim que leva a os homens a unir-se em estados e a por-se sob um governo, é a preservação de sua propriedade.
A supervalorização da identidade e da cultura, também pode representar uma ameaça à justiça social, na medida em que se substitui a paridade participativa e a redistribuição pelo reconhecimento. Isso é realmente muito sério, nos tempos em que estamos vivenciando. Até que ponto a supervalorização da identidade e da cultura pode promover a justiça social? Um exemplo desse paradoxo, é a proposição da Lei de Cotas para Negros. Até que ponto vem proporcionando a  justiça social? Qual o negro teria maior possibilidade de conseguir cotas? O branco ou o negro? Será que o negro rico não deveria ter o direito às cotas? Essas e outras questões permeiam o debate sobre a Política e cotas para os negros e outras denominadas Políticas de ações afirmativas.
Já é tempo da sociedade conscientizar-se de que o povo negro foram arrancados da mãe África, trazidos á força ,escravizados de forma desumana e aqui ajudaram a construir este País que há muito já deveria ser de todos os cidadãos brasileiros ,indiferente de sua cor, raça, e grupo social.Toda esta barbárie cometida contra os negros e outras minorias justifica a necessidade de Políticas Publicas focais com ações afirmativas que venham a diminuir as desigualdades favorecendo o reconhecimento e a redistribuição de direitos que no passado foram negados.
A façanha que representou o processo de fusão racial e cultural é negada no nível das relações sociais. Isso vem sendo diariamente constatado quando a mídia apresenta comportamentos racistas em que vemos o negro sendo sempre considerado suspeito nas mais diversas situações, mais concretamente quando a polícia está envolvida. Quantos negros já foram assassinados por engano? Até quando continuarão sendo vitimas de uma ideologia marcada pelo racismo?




sexta-feira, 22 de julho de 2011

Como nasceu a SINERGIA ETNICA?



A palavra sinergia tem origem grega (synergeia) e quer dizer cooperação ou esforço simultâneo de vários fatores que contribuem para a realização de uma função ou objetivo em comum (www.dicionarioweb.com.br/sinergia.html). E na discussão de dar um nome ao Blog, concluimos que a palavra “sinergia” também representa “sintonia”, na medida em que pensamos que para a existência dos movimentos sociais é necessário uma organização representativa dos segmentos e que só tem força quando existe a Sinergia, ou seja, quando todos estão imbuídos no mesmo objetivo. E utilizamos a palavra etnia ou um grupo étnico, no sentido mais amplo, uma comunidade humana definida por afinidades linguísticas e culturais e semelhanças genéticas. Estas comunidades que geralmente reivindicam para si uma estrutura social, política e um território, de acordo com: http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnia